Silêncios eloquentes
Silêncios eloquentes
O silêncio que vem logo após a palavra dá a ela mais potência.
Palavras, quando arremessadas em série contra o interlocutor, perdem o peso do que realmente comunicam. O silêncio, ao contrário, convida à escuta, à reflexão — pede atenção ao que foi dito. Ele é como pontuação na fala. Um sopro. Uma pausa necessária.
O silêncio tem mais poder do que palavras soltas tentando preencher um vazio — seja o vazio de quem fala, seja o desconforto de dividir um espaço com alguém com quem não se tem intimidade.
Eu, no entanto, costumo ignorar isso solenemente.
Falo de forma verborrágica, pulo de um assunto para outro como quem segue o fluxo de consciência de uma histérica freudiana sob o efeito de cocaína.
É como se eu matasse o interesse do outro à queima-roupa.
Percebo que minha forma de falar provoca desconforto.
A ausência de pausas tira a fluidez, o encanto da conversa.
Preciso encontrar estratégias para lidar com a ansiedade que me domina em certas trocas — ela embaralha minha fala, torna-a desconexa, contraditória, às vezes sem propósito.
E o que recebo de volta é um outro tipo de silêncio.
Um silêncio que não é pausa, mas ausência.
O silêncio do desinteresse.
É aí que preciso aprender: a ler esse silêncio como sinal — não de que devo me calar, mas de que preciso reformular.
Não posso permitir que o medo de ser mal recebido me condene ao mutismo.
Porque será apenas falando de outro jeito — com mais pausas, mais escuta, mais intenção — que vou aprender a usar os silêncios com sabedoria.
Silenciar, às vezes, também é uma forma de amar.
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