Não, isso não é liberdade de expressão. É licença para oprimir.

Não, isso não é liberdade de expressão. É licença para oprimir.

 

As mesmas pessoas que defendem o discurso de ódio de Trump contra minorias como se fosse liberdade de expressão são, curiosamente, as primeiras a censurar qualquer manifestação artística que desafie seus dogmas.

Madonna, por exemplo, não pode expressar sua arte como bem entende — é “ofensiva”, “blasfema”, “fere os valores cristãos”. Valores esses que, aliás, não são nem nunca foram universais, por mais que os repitam como um dogma colonizador.

Mas um presidente doente, com traços evidentes de psicopatia, pode dizer livremente que “preferia um filho morto a um filho gay”. Pode dizer que vai “bater em casal gay que se beija na rua”. Pode associar imigrantes a criminosos. Pode normalizar o ódio e ainda ser ovacionado em nome da “liberdade”.

 

Há uma dissonância ensurdecedora no uso seletivo dessa tal liberdade de expressão.

Ela é usada como escudo por quem, na verdade, não quer liberdade — quer o monopólio da palavra. Desde que essa palavra ecoe seus valores. E só os seus.

 

Quando Trump diz que imigrantes são “criminosos e estupradores”, isso não é opinião — é discurso que legitima a violência, que acende tochas, ergue muros e empunha fuzis.

Quando Bolsonaro diz que “preferia um filho morto a um filho gay”, isso não é moral familiar — é incitação ao ódio como política de Estado, travestido de conservadorismo.

 

Eles não querem pluralidade. Querem silêncio. Querem que o diferente seja invisível, inofensivo, excluído do debate, da arte, da história.

 

Mas nós, os corpos dissidentes, os amantes fora da norma, os artistas heréticos e os filhos que sobreviveram ao desprezo, seguiremos falando. Cantando. Escrevendo.

Seguiremos vivos.

 

  

 

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